Rogério Santanna
A onda de reclamação das operadoras em relação ao Plano Nacional de Banda Larga é, na verdade, temor de uma vingança de seus “consumidores maltratados”, que fazem das teles e provedores os campeões de reclamação no Procon.
A afirmação é de Rogério Santanna, presidente do principal alvo dos protestos das teles: a Telebrás, gestora do PNBL.
“O choro é livre, mas a Telebrás não irá concorrer com as operadoras. Pelo contrário: criará oportunidade de expansão de mercados, já que expandirá a infraestrutura disponível para fornecimento de banda larga”, explicou Santanna, que palestrou no Meeting de TI da Federasul desta terça-feira, 08. “Hoje, por exemplo, a Telefônica domina São Paulo, mas não existe no Nordeste. Com a expansão da rede, poderá entrar e concorrer também neste mercado”, comentou o gaúcho, que já presidiu a Procempa.
A tal expansão infraestrutural envolve a implantação de backhaul em Brasília e mais 15 capitais do Sudeste, Nordeste e Norte brasileiros este ano, além de outras 100 cidades a serem definidas em breve, somando em torno de 11.357 quilômetros de rede. Até 2014, a meta é chegar a todas as capitais, entre outras diversas localidades, totalizando 30.803 quilômetros de backbone.
Mais velocidade, menos preço
Isso com aumento da velocidade e redução no preço da banda larga, que hoje consome cerca de 4,5% da renda mensal per capita do brasileiro, a um custo cinco vezes maior do que no Japão, por exemplo. Com o PNBL, Santanna projeta alcançar, este ano, banda larga de 512 Kbps (hoje, o pacote médio é de 256 Kbps) por R$ 35, com isenção do ICMS.
“Em 2009, o preço médio praticado era de R$ 49, o que equivalia a 256 Kbps de velocidade e beneficiava 11.999 milhões de domicílios. A projeção 2010/2014 é de que o preço diminua para até R$ 10, sem o ICMS, à velocidade de 512 Kbps, com limitação de download, chegando a 39.805 milhões de lares”, explicou o presidente da Telebrás.
Renegadas
Esta expansão do atendimento engloba chegar a um universo de mais de três mil cidades que o dirigente gaúcho define como "condenadas à desconexão eterna", já que as operadoras não têm interesse de chegar, devido à localização geográfica difícil, pequeno volume populacional, baixa atividade econômica e baixo nível de renda.
Desconcentrar
“Hoje, no Brasil, 95% dos consumidores de banda larga estão nas mãos de cinco operadoras: Oi, Telefónica, NET Embratel, CTBC e GVT. Disso, 85% ficam com apenas as três primeiras”, ressaltou Santanna.
Neste cenário, o PNBL irá fomentar a concorrência, permitindo não só que outras operadoras abocanhem mais mercado nem que as atuais manda-chuvas ampliem sua atuação, mas também que mais provedores se favoreçam do negócio da banda larga.