Hélio Rotemberg. Foto: Baguete
A Positivo revelou quais serão os próximos passos de sua estratégia de mobilidade durante o lançamento da linha 2013 da fabricante de hardware paranaense, realizado em São Paulo nesta segunda-feira, 29.
Os smartphones da empresa serão dual chip e virão em duas configurações, diferenciadas basicamente pelo sistema operacional, que pode ser Android 2.3.5 ou 4.0, e pela memória disponível nos cartões SD, entre 2 GB e 8 GB.
Com preços de R$ 459 a R$ 749, os smartphones da Positivo almejam usar o que a empresa vê como o seu poder na classe média brasileira para ser a primeira opção de celular “de marca” desse consumidor. [Veja a lista de configurações e preços completa no final da matéria].
Completam a oferta móvel feature fones com três cartões na tecnologia 2G, com preços entre R$ 219 e R$ 269, para competir em um mercado menos sofisticado, mas que ainda totaliza 45 milhões de aparelhos no Brasil, segundo números da IDC.
A título de comparação, o mercado de smartphones, mesmo com uma expansão de 73% sobre 2011, deve fechar o ano com 15,4 milhões de unidades no país, também de acordo com dados da IDC.
“Ninguém entende o consumidor de classe média brasileira como a Positivo”, provoca o presidente da empresa, Hélio Rotenberg, que não abriu dados sobre desempenho de vendas dos tablets ou projeções sobre a participação dos smartphones no futuro.
O que se sabe é que a empresa ganhou uma licitação para fornecer 650 mil tablets para o Ministério da Educação.
Brincando com os repórteres durante a coletiva, o executivo disse que o fato de piratas terem montando uma loja falsa da empresa em Ciudad del Este foi comemorado na companhia como uma prova disso, ainda que as medidas judiciais cabíveis já tenham sido tomadas.
Assim como já aconteceu com os tablets da linha Ypy – que foram relançados com Android 4.0 em preços variando entre R$ 799 e R$ 1299 –, a Positivo aposta em oferecer uma experiência de uso mais “tutelada” em relação à selva de apps em inglês disponível no Google Market, que a empresa vê como fora do alcance do consumidor menos experiente.
“Temos feedback de consumidores que nos disseram ter entendido para que serve um tablet a partir do nosso produto”, afirma Adriana Flores, diretora de desenvolvimento de produtos da Positivo.
Os produtos já vêm com 80 apps embarcados, uma grande diferença da abordagem mais corriqueira no mercado.
A fabricante paranaense criou uma loja de aplicativos própria dentro de um site de notícias chamado Mundo Positivo e tem desenvolvido conteúdos orientados ao público brasileiro, por meio de parcerias assinadas com entidades como a Associação Brasileira de Jornais.
WINDOWS 8
Durante o lançamento da nova linha, Rotemberg enfatizou a oferta de novos ultrabooks, ultrafinos e notebooks equipados com Windows 8, que totaliza 80 modelos para o varejo, com vendas já realizadas para varejistas de um total de 87 mil unidades.
Logo depois, o presidente da Positivo disse que os tablets e smartphones não contam com Windows 8 “ainda”.
Questionado sobre os planos da empresa de lançar modelos com o novo sistema operacional da Microsoft, a grande aposta da multinacional para emplacar na área de mobilidade, Rotemberg disse que via um lançamento do tipo como uma evolução “natural”, mas não deu prazos de quando isso poderia acontecer.
De acordo com o executivo, a Positivo vai esperar para ver como o mercado responderá à oferta de tablets com Windows 8 em arquitetura ARM, mais orientada a consumidor final, ou x86 da Intel, mais voltado ao público corporativo.
A prevalecência de um formato ou outro determinaria a entrada da Positivo, que, de acordo com Rotemberg, não vê como viável para sua estratégia de mercado cobrar mais que R$ 200 a mais por aparelhos com Windows 8 em relação aos com Android.
O que deve acontecer em um futuro mais próximo é o lançamento de híbridos notebook/tablet como o Surface, fazendo uso da interface touch do Windows 8, fator que está ausente dos produtos apresentados para o Natal 2012.
Novamente, a explicação da decisão da empresa passa pelos custos e pelo foco na classe média brasileira, expressão que foi usada pelo menos uma dezena de vezes pelos executivos da Positivo durante a apresentação.
Na avaliação de Rotemberg, o uso de uma tela touch de qualidade compatível com os pré-requisitos da Microsoft para um note de tela de 14 polegadas signicaria hoje um aumento de R$ 500 no preço final e um produto inviável.
No entanto, o presidente da Positivo avalia que ganhos de escala na produção derrubarão os preços, fazendo que o custo adicional para ter telas touch fique entre R$ 200 e R$ 300, o que pode gerar uma oferta grande de touch barato para o Natal de 2013.