Em Blade Runner, filme dirigido por Ridley Scott em 1982, uma Los Angeles cinzenta retratava cenas de um futuro sombrio para 2019. Imagem: Reprodução.
*Por Valter Pieracciani
Fiquei arrepiado ao ouvir recentemente que a causa mais provável do fim da humanidade seria um erro de biotecnologia.
Quem disse isso foi um craque de inovação, o diretor geral do MIT Media Lab, Joi Ito, um dos estudiosos mais antenados do mundo no momento. Coincidentemente, na mesma semana, recebi de uma amiga que está conhecendo laboratórios de inovação pelo mundo, imagens de uma Synth, que quer dizer Syntetic Humanoids - robôs feitos à imagem e semelhança dos seres humanos, incrivelmente capazes e parecidos conosco. A foto mostrava, lado a lado, a robô e a cientista que a criou. Assustador! Não conseguia dizer quem era quem.
Com aplicação de inteligência artificial, esses robôs serão capazes de expressar hiper empatia e compaixão. Segundo anunciado, poderão, em breve, atuar como companheiros, terapeutas, cuidadores, enfermeiros, vendedores e educadores. No Japão, a Erica é o primeiro robô a virar âncora de um telejornal ao lado de um apresentador humano. Além de ler notícias, a humanoide interage com o colega de bancada. Na China, a agência Xinhua criou um humanoide, que é um clone do também apresentador de telejornal, Zhang Zhao.
Tudo isso surge num momento em que eu já andava impressionado por ter sido muito bem atendido, há cerca de um mês, por um computador disfarçado de gente em um serviço de atendimento ao consumidor.
Acontecimentos tecnológicos, um atrás do outro, têm me feito gelar o sangue. Voltam o tempo todo à minha mente as cenas de Blade Runner - O Caçador de Androides, o fantástico filme dirigido por Ridley Scott, em 1982. Nele, uma Los Angeles cinzenta retratava cenas de um futuro sombrio para 2019, ano muito distante àquela época. Cenas de lutas e disputas entre humanos e clones humanos (os replicantes) marcaram a aventura. Sobravam poucos sobreviventes – de uma tragédia biotecnológica talvez - em meio a essas máquinas perfeitas, imortais, debaixo de um céu escuro e neblina, muita neblina, possivelmente atribuível às mudanças climáticas. À época tinha 22 anos de idade e já interessadíssimo em inovação, lembro-me de ter adorado o longa-metragem e de tê-lo assistido diversas vezes.
Agora, passados 38 anos, continuo tentando descobrir como a indústria do cinema e dos desenhos animados sempre foi tão certeira nas previsões de futuro que colocam em suas produções. É incrível como desde a série de animação Os Jetsons (jocosamente, os filhos do jato), de 1962, passando por inúmeras outras, como o Agente 86, além de filmes, muitos filmes, como De Volta para o Futuro e Jornada nas Estrelas, os diretores sempre acertaram em suas previsões e conseguiram introduzir em suas cenas dispositivos que 30, 40 anos depois, acabaram se tornando realidade.