Marcel Pratte.
O maior motivador para o desenvolvimento desta análise é provocar os profissionais envolvidos no setor de Tecnologia da Informação (TI) para que, após essa leitura, ocorram importantes reflexões sobre a necessidade de mudança dessa área.
Se resgatarmos a discussão a partir da Revolução Industrial, que marcou a transição para novos processos de manufatura no período entre 1760 e algum momento entre 1820 e 1840, esta transformação incluiu a transição de métodos de ‘produção artesanal e manual’, que até poderia incluir o emprego de alguns equipamentos simples, para a ‘produção por máquinas’.
Isso significa que uma cadeira, por exemplo, para ser produzida em 1840, envolvia alguém para fazer o desenho, outra pessoa realizava as especificações e um carpinteiro a produzia. Se tivéssemos cinco ou mil carpinteiros produzindo a mesma cadeira, ela nunca sairia igual uma da outra. Isso porque a produção era manual, com ferramentas, experiências e know-how diferentes para cada profissional. Poderíamos ter uma cadeira com alta qualidade e outra que poderia quebrar ao sentar-se nela.
Alguma semelhança com a área de TI atualmente? Se fizermos uma analogia com os processos atuais ocorridos no setor, nós, da área de Tecnologia da Informação, de certo, ainda não passamos pela Revolução Industrial. Continuamos artistas e artesões criando, entregando produtos e serviços de forma manual, pois usamos nosso intelecto, nosso know-how e a experiência que acumulamos em nossos trabalhos para construir aplicações e sistemas, porém, fazemos pouquíssimo uso de automação.
Se tivermos um desenho de uma aplicação e colocarmos cinco profissionais ou empresas especializadas para desenvolvê-lo, teremos cinco soluções diferentes. A lógica do desenvolvimento será diferente, assim como a arquitetura de software, o código fonte e a segurança da informação empregada. Agora, imagine se, ao invés de estar construindo uma cadeira, estivermos construindo o software de um avião para controle de voo e que tenha que ser entregue em três meses. Você se animaria em voar nele?
Tenho tido debates acalorados com CEOs, investidores, empresários e amigos sobre a entrega da área de TI e o resultado dessa conversa não é animador para nós, profissionais da área. O que dizem é que a TI não entrega na velocidade e com a excelência necessária para a transformação dos seus negócios. Isso é preocupante.