O ARI permite vistos de residência para pessoas que investem ao menos € 500 mil em Portugal. Foto: Pixabay.
A organização não governamental Transparência e Integridade, unidade portuguesa da Transparência Internacional, pede a suspensão imediata da concessão do visto Gold em Portugal, alegando que falta transparência e controle do processo.
O modelo permite vistos de residência para pessoas que investem ao menos € 500 mil (cerca de R$ 2 milhões) em Portugal.
"Há risco real de que sejam recursos oriundos de negócios ilícitos", afirma João Paulo Batalha, presidente da Transparência e Integridade, de acordo com a Folha de São Paulo.
A partir do relatório da ONG, o Parlamento Europeu vai debater o programa na recém-criada Comissão Especial para Crimes Financeiros, que investigará autorizações de residência por investimento nos países europeus.
Com o nome oficial ARI (Autorização de Residência por Investimento), o visto foi criado em Portugal em outubro de 2012, no auge da crise econômica no país.
A modalidade tem os brasileiros no segundo lugar entre os maiores beneficiários, atrás apenas dos chineses. Entre 2012 e 2017, Portugal concedeu o documento a 451 pessoas nascidas no Brasil.
O documento garante residência em Portugal a quem transfere ao menos € 1 milhão (R$ 4,1 milhões) ou cria um negócio com dez ou mais postos de trabalho no país.
A Folha relata que o método mais popular para obtenção do visto Gold é a compra de imóveis de alto padrão, responsável por mais de 90% dos documentos emitidos. A exigência mínima para investimento em imóvel é de € 500 mil, mas o valor pode cair para € 350 mil caso a propriedade esteja em área de interesse de recuperação.
Inicialmente, havia a exigência de que os estrangeiros passassem pelo menos 30 dias por ano em Portugal, mas hoje são necessários sete dias corridos ou 14 alternados.
Após cinco anos com o visto Gold, o estrangeiro pode pedir o visto definitivo, e após seis anos, a cidadania portuguesa.